Escrever sobre um episódio não deixa de ser uma maneira de reviver o que sentimos quando o vimos pela primeira vez. E essa
season premiere de
HOUSE merece ser revista, descrita, curtida, revivida, debatida.
Como disse no post anterior,
fugi de spoilers o dia todo. Na verdade, nada do que me dissessem ou
que eu viesse a ler estragaria os 90 minutos da reestreia da série.
Porque assistir a um episódio duplo tão bom quanto esse é algo meio
indescritível e pessoal. Cada um vai levar uma "mensagem", por mais
cafona que isso pareça, ou aproveitar o que rolou na tela apenas como
ficção pura (e da melhor qualidade).
De qualquer maneira esse retorno da série supera as expectativas.
Não creio que alguém vá sair frustrado com a trama apresentada neste
comecinho da sexta temporada, a não ser que pegue o bonde andando sem
saber do que se trata a série. Quando a temporada anterior terminou, ficamos tão loucos quanto House esperando pelo inferno que seria a vida dele no "manicômio". E o que Broken nos mostrou é que
HOUSE há horas deixou de ser uma trama médica. É um Drama, com D maiúsculo mesmo, que não precisa de prêmio nenhum para ser reconhecido entre os melhores shows da TV.
Fox
*** HÁ SPOILERS DAQUI PRA FRENTE PARA QUEM NÃO ASSISTIU AO EPISÓDIO ****** COMENTÁRIOS DE ACORDO COM A EXIBIÇÃO AMERICANA ***Broken ("quebrado") é a perfeita metáfora escolhida para descrever a
situação de House - e também o principal acontecimento do episódio que
lhe deu o "insight" para decidir mudar. Em um primeiro momento é claro
que nos divertimos com a costumeira atitude debochada e arrogante do
médico ao ser tratado como paciente. E não apenas um paciente comum: lá
ele é mais um "louco" no meio de outros problemáticos, ainda que seja
notamente o mais são deles. Mas o quanto uma pessoa consegue fingir que
está bem? Pode até ser que ele não alucine mais por conta do vício,
pode ser que ele não tenha problemas com comida, suicídio ou paranoia.
Nada disso faz de House menos "quebrado" que os outros.
Passados os jogos de gato e rato, que sem dúvida foram hilários,
chegamos à parte realmente nova da personalidade que tanto nos agarra
pelos cabelos nessa série. Vemos House fragilizado, tocado,
genuinamente sofrendo pelo mal que causou
a alguém. A
história do menino com superpoderes imaginários, que House pensou poder
"curar" como outros de seus diagnósticos certeiros, foi a gota d'água
para ele próprio parar de brincar de Deus.
Me senti transportada para uma sessão de In Treatment a partir desse
ponto. Nas conversas com o diretor da espelunca, Darryl Nolan (um
parênteses para palmas a Andre Braugher), House vai direto ao ponto:
sim, ele quer ser feliz. Não, ele não sabe como. Bem-vindo ao mundo dos
que fazem terapia. O "tema de casa" de House até que era fácil para um
ser humano normal. Conectar-se com alguém, confiar, dar a cara a tapa.
E ele se entregou bo-ni-to para a mocinha casada. Ou vai dizer que
vocês também não torceram um pouquinho para ele se dar bem? A cena de
amor deles foi tão surreal que por instantes pensei que fosse mais uma
alucinação deles - especialmente porque em muitos momentos House
ignorou a bengala, dançou e passeou sem ela.
***Esse episódio prova que daria para transferir House para um hospital
qualquer ou enfermaria, sei lá, no Alasca, que seja, e ele continuaria
a nos surpreender. Esta uma hora e meia sem Cuddys, Camerons, Wilsons
(ok, ele apareceu por dois minutos e sequer contribuiu) e 13s da vida
reforçam que o grande ímã da série
é ele próprio. Somos fascinados por essa personalidade "quebrada" do médico-gênio.
Agora que House entra em uma nova vibe, com direito até a uma camisetinha ingênua com o símbolo do smile
:-Dna saída do hospício, como será a dinâmica de vida & trabalho daqui
para a frente? Como será ter um House feliiiiz nos corredores do
hospital ou no trato com os colegas e pacientes? Não está boa parte do
charme da série focado na atitude do "dar de ombros" emocional do
personagem? De qualquer forma, essa é uma daquelas perguntas que
nãovão me tirar o sono. Uma série que já me surpreendeu tanto como fez até
hoje não deve nos decepcionar na sequência, seja qual caminho escolher.