Um em cada cinco computadores do Estado é vulnerável a «ataques» através da Internet,
segundo um estudo de uma equipa de Coimbra, que criou um sistema
informático que concluiu ser perigoso o nível de segurança da rede em
Portugal, noticia a agência Lusa.
A investigação foi desenvolvida ao longo de dois anos por uma equipa
conjunta do Instituto Pedro Nunes (IPN) e da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
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O sistema informático que permite avaliar a segurança da Internet
portuguesa, designado NONIUS, concluiu também que a rede nacional «nem
sequer está protegida da RBN – Russian Business Network, uma das mais
perigosas organizações do crime cibernético do mundo, que recentemente
atacou websites públicos e privados da Estónia», refere uma nota
divulgada pela FCTUC.
«Há falta de informação e reina a atitude “não tenho nada
interessante no computador para que seja roubado”», disse à Lusa
Francisco Rente, da FCTUC, que lidera a investigação.
O cientista alertou que «o objectivo de muita da actividade
criminosa não é roubar os dados que os computadores possuem mas
utilizá-lo [ao aparelho] para outros ataques, podendo o proprietário do
computador vir a ser acusado de crimes informáticos que não cometeu».
Através do NONIUS «foram varridos os 3,6 milhões de endereços
electrónicos existentes em Portugal e, em simultâneo, 11 mil domínios
(representantes de uma organização do primeiro nível de hierarquia
“pt”)».
«Um em cada cinco computadores do Estado está vulnerável a softwares
nocivos e outros tipos de ataques informáticos», concluiu o sistema.
No varrimento da rede nacional da Internet, foram detectadas «30 mil
vulnerabilidades de 17 tipos distintos», o que leva os investigadores a
concluir que o nível de segurança da Internet portuguesa é «perigoso»,
o segundo nível numa escala de quatro graus.
Francisco Rente disse à Lusa que o que mais o surpreendeu foi «a quantidade de computadores vulneráveis».
«À medida que o NONIUS for sendo desenvolvido evoluiremos para resultados ainda mais precisos», acrescentou.
O investigador explicou que o que o novo sistema faz é verificar se
o disco do computador está totalmente partilhado para a Internet ou se
o que é partilhado é apenas um segmento.
«Os próprios vírus accionam essa partilha, sem que o utilizador se
dê conta», esclareceu, sublinhando a existência de software de
protecção no mercado ou que pode mesmo ser descarregado gratuitamente
da Internet.
Francisco Rente considerou, por outro lado, não estar em causa a
legalidade desta operação de varrimento dos websites públicos e
privados, já que se trata de «informação pública».
Porém, «foram consultados os juristas do IPN e a fiabilidade dos
testes foi validada por matemáticos da FCTUC», esclarece a nota de
imprensa hoje divulgada.
Os investigadores procuram agora apoios financeiros para dar
continuidade ao projecto, que visa «criar uma onda de
consciencialização» sobre o problema.
«Este é um projecto inovador, sem comparação a nível mundial e,
talvez por isso, quando começámos a desenvolvê-lo, não obtivemos
apoios», disse, esperando que com a divulgação dos resultados seja mais
fácil obter financiamento.
Segundo o professor da FCTUC, na altura, foram contactadas cerca de
60 entidades nacionais e estrangeiras, na área das telecomunicações e
informática.
diárioiolem:http://www.pplware.com/2009/08/05/computadores-do-estado-portugues-estao-vulneraveis/