Michael Jackson: as lições que aprendemos com o rei do pop (e as que esquecemos).
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Assunto: Michael Jackson: as lições que aprendemos com o rei do pop (e as que esquecemos). Seg Jul 13, 2009 2:59 pm
Não há como virar as costas para o impacto que o falecimento do cantor Michael Jackson provocou no planeta inteiro. Em um mundo tão plural e multifacetado como o de hoje, que oferece infinitas possibilidades de estilo de vida, música e cultura, é incrível como um astro pop ainda consiga ser unanimidade em pessoas de culturas, estilos e gerações tão diferentes como se provou em todas as homenagens prestadas ao ídolo na última quinta-feira. Uma pessoa que consegue tal fenômeno é digna de, no mínimo, respeito. E em tributo ao rei do pop, deixo uma relação das lições mais importantes que ele deixou para a cultura popular (mas que nem todas aprendemos como deveríamos). O que aprendemos com Michael Jackson… Michael Jackson no clipe de Thriller
Pop é para todos: não importa se é para brancos ou negros. Michael Jackson foi o primeiro artista negro de R’n’B que a MTVexibiu em suas telas em 1983 (até então a emissora só exibia clipes de artistas negros com influências do rock como Prince e Tina Turner). O cantor ainda conseguiu a façanha de liderar tanto a parada de artistas negros quanto a parada pop da revista Billboard. Também foi o primeiro artista ocidental a se apresentar na União Soviética em 1989. E consolidou-se como ídolo de todos os estilos ao realizar parcerias com grandes nomes do rock: Paul McCartney, Eddie van Halen e Slash.
Não basta ser cantor, tem que ser showman: pode-se dizer que Michael Jackson foi o precursor das celebridades multimídia. Era cantor, bailarino, compositor e ator. Estava presente nas rádios, na MTV, nos cinemas e comerciais de TV. Era ícone fashion entre os jovens. Suas apresentações ao vivo eram deleites audiovisuais de produção impecável onde o cantor desafiava a gravidade e apresentava truques de ilusionismo. Fora dos palcos, mantinha sua vida pessoal em segredo para alimentar o mistério e o fascínio ao seu redor e passou quase uma década comunicando-se com a imprensa apenas através de seus assessores.
Excentricidade gera publicidade: quando as vendas de Bad, terceiro álbum de estúdio de Michael Jackson, mostraram-se não tão satisfatórias quanto os executivos de sua gravadora desejavam (e por “não tão satisfatórias” entenda-se um álbum com “apenas” 5 singles emplacados no topo da parada da Billboard), os empresários do rei do pop se apressaram em criar boatos extraordinários a respeito da vida do cantor. O primeiro foi de que ele teria adquirido os ossos do Homem-Elefante. Em seguida, seus agentes afirmaram que Michael dormia em uma câmara de oxigênio para retardar o envelhecimento, boato que chegou a ser confirmado pelo próprio astro. Tais afirmações causaram furor na mídia e passaram a servir de estratégia para manter Michael Jackson em evidência mesmo quando ele não estava divulgando algum trabalho.
Intervenções estéticas são aceitáveis (desde que acompanhadas por um projeto relevante): sucessivas cirurgias para afinamento do nariz, inserção de implantes no queixo e o polêmico clareamento da pele (que segundo Michael Jackson era conseqüência do Vitiligo) foram apenas alguns dos processos de intervenção estética que acompanharam o cantor nos primeiros 10 anos de sua carreira solo. Apesar do falatório e das especulações da imprensa, a transformação física de Michael Jackson sozinha não se mostrou capaz de abalar a popularidade do ídolo. A maior prova disso é o álbum Dangerous, de 1993, que mesmo trazendo Michael completamente branco e com traços bem diferentes dos apresentados no início da carreira, conseguiu vender 32 milhões de dólares e impulsionou uma gigantesca turnê mundial que passou pelo Brasil no mesmo ano. O público só deu sinais nítidos de repúdio à sua aparência em 2003, quando Michael apareceu publicamente muito pálido e com o nariz deformado, resultado de uma perda da cartilagem após tantas intervenções cirúrgicas. Porém, mesmo sua aparência deformada não impediu que os ingressos de sua mais recente turnê mundial (cancelada devido ao seu falecimento prematura) se esgotassem em menos de 3 horas em Londres.
…e o que esquecemos:
Talento e inovação são imprescindíveis: quantas indicações ao Oscar tem Lindsay Lohan? O que faz Lady GaGa que Madonna não tenha feito antes e melhor? Qual a diferença entre Rihanna e Britney Spears musicalmente falando? A dificuldade em responder essas perguntas mostra que a indústria das celebridades aprendeu com Michael Jackson cada detalhe sobre como criar astros que se tornam grandes explosões na mídia, mas esqueceu-se do principal atributo do cantor: o talento. Michael Jackson era polêmico, estranho, misterioso e extravagante. Tudo o que uma celebridade deve ter para bater cartão nos jornais, revistas, tablóides e sites de fofoca. Mas era genial e revolucionário o suficiente a ponto de sua obra sobrepujar todos os seus escândalos. Pena que não se faz mais ídolos como antigamente.
Fama e fortuna não são tudo: na era Warholiana onde todos querem seus 15 minutos de fama e não medem esforços para conseguí-los, poucos se dão conta de que o excesso de fama e dinheiro muitas vezes corresponde a vários passos em direção ao isolamento e à solidão. Este parecia ser o caso de Michael Jackson. Tendo passado muito tempo cercado por empresários e interesseiros que se aproveitavam de sua fama e talento e o abandonaram assim que o astro desapareceu das paradas de sucesso, ele freqüentemente se descrevia como “um homem solitário”. Abalado com o tratamento lhe dado pela imprensa durante as acusações de pedofilia, o cantor passou seus últimos 15 anos apático e isolado em seu rancho Neverland na Califórnia, provavelmente incompreendido e sozinho.
Para encerrar, um vídeo do momento que eternizou Michael Jackson e seu Moonwalk: Billie Jean ao vivo na festa de 25 anos da gravadora Motown (1983).